sábado, 28 de novembro de 2009

OCULTAÇÃO DA HISTÓRIA BRASILEIRA

“Tem dias que agente se sente como quem partiu ou morreu, agente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu.” Assim inicia a composição de Chico Buarque na música intitulada Roda Viva. E o mundo realmente dá voltas.

Ao compasso do fortalecimento de nossa democracia, conquistada com tanto sacrifício do povo brasileiro, gradativamente, a história se impõe. Crimes cometidos num passado recente ressurgem literalmente das cinzas, como denota a denúncia que o MPF de São Paulo ofereceu contra o Ex-governador Maluf e o Senador Romeu Tuma, entre outros.

A realidade perversa dos tempos de regime ditatorial que acossou nosso país, hoje choca a população brasileira. Segundo a Procuradora de São Paulo, “ambos contribuíram para que ossadas permanecessem sem identificação, em valas comuns dos cemitérios, e atestaram falsos motivos de morte a vítimas de tortura”.

Enquanto Maluf chama a acusação de “ridícula”, o corregedor do Senado – pela quarta vez, provavelmente ainda não tenha recebido a intimação do MPF de São Paulo sobre o caso. Também não deve ter recebido o ofício remetido pelo MPF do Rio Grande do Sul, no mês de agosto, indagando sobre questões ligadas ao provável assassinato do Presidente Jango, pois até a presente data, não se tem nenhuma resposta do Corregedor do Senado.

Ridículo mesmo é a insistência de muitos personagens principais do regime autoritário, senhores como Tuma e Maluf, em ocultar uma página vergonhosa da história do Brasil. Denunciar estes crimes, e tantos outros ocorridos, não pode ser caracterizado como revanchismo, como muitos saudosistas da ditadura gostam de taxar.

Uma interligação do passado ao presente, no tocante à inadmissibilidade de atos de violação de direitos humanos, aponta para a construção de regimes democráticos sólidos e estáveis, fundamentados na justiça e no direito, e jamais no medo e na violência.

Christopher Goulart
Presidente da Associação Memorial João Goulart

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